O Espaço escolhido pelo grupo é referente ao complexo de corredores do segundo andar da Casa da Glória. Tratando-se de um espaço de transição e ao mesmo tempo de permanência, se torna um ótimo exemplo de articulação entre público e privado porém separados individualmente.
O primeiro corredor se trata de um espaço público, onde os visitantes podem transitar e observar a vista através da janela que percorre todo o espaço. Analisamos esse local como um ambiente polivalente, pois, se tratando de um corredor longo e estreito o entendemos como um lugar que se prestava a diversos usos sem precisar sofrer mudanças estruturais (urdidura) podendo assim alterar apenas sua trama de forma que uma flexibilidade mínima gere uma solução ótima. E foi o que fizemos. A intervenção instaurada nesse corredor se trata da implantação de bancos interativos, que funcionam da seguinte forma: ao se sentar o banco emite sons ambientes que os visitantes podem ouvir ou apenas desligar através de um mecanismo lateral no assento e aproveitar a vista da janela sem nenhuma “poluição” sonora, se for assim de sua vontade. Essa intervenção foi escolhida por se tratar de um local de transição que te passa a vontade de permanecer lá devido a vista muito bonita, porém não há nada que te mantenha lá por ser desconfortável se manter em pé e ao mesmo tempo ter que se curvar para olhar a janela visto que sua estrutura abre para cima e a parte aberta se encontra embaixo, além dessa sensação de conforto, ou seja, permite uma ótima solução através de uma flexibilidade (solução neutra) mínima: bancos e som, tornando-o assim um ambiente com forma convidativa, ou seja, confortável e estimulante, belo e útil.
O segundo corredor concerne um local restrito para visitantes, sendo assim permitida a entrada apenas de hóspedes. Tratando-se de um lugar privado, tivemos mais dificuldade em aplicar uma intervenção em relação ao corredor número 1. Porém, nos mantivemos o conceito que leva em consideração as sensações causadas pelo ambiente em questão. Neste corredor, nos deparamos com uma irregularidade, que seria o desnível em relação ao corredor 1, que são separados por uma escada de seis degraus, e decidimos aproveitar a diferença na altura do pé direito aplicando a intervenção no teto do corredor. A ideia foi dispor penduricalhos com pedras, relacionando ao museu de geologia instalado na Casa da Glória, ao teto e estes pingentes teriam um mecanismo de movimentação através do volume do movimento das pessoas ao andarem pelo corredor. A concepção mais uma vez relaciona-se com o conceito de forma convidativa pois o detalhe no teto traria o olhar e a atenção das pessoas e durante o dia com as janelas abertas a luz do sol ao refletir nas pedras daria um efeito de estrelas no céu tornando o ambiente encantador e harmonioso e útil por atrair a percepção dos hóspedes para a irregularidade do ambiente, sua latitude.
O terceiro e último corredor concerne um ambiente acolhedor e ao mesmo tempo amedrontador. Por se tratar do menos iluminado de todos, pode trazer ambas as sensações. Seguindo o mesmo contexto de aproveitar ao máximo suas irregularidades, neste caso a péssima iluminação, tivemos a proposta de transformar este local num ambiente que transmita apenas a sensação de acolhimento, removendo a impressão de sinistro. Nesse âmbito, removemos o guarda-roupas antigo (segunda irregularidade) que se encontra ao final do corredor e acomodamos tapetes ao chão. Parece simples mas é mais complexo que isso, os tapetes se tratam de pequenos pedaços de carpete articulados com arames podendo assim ser dobrados da forma que quiser e também podendo ser empilhados se transformando em almofadas e travesseiros. O intuito é o chão passar a ideia de conforto e divertimento, utilizando assim a funcionalidade do ambiente de forma acolhedora.
Sendo assim, concluímos nossa intervenção conseguindo aproveitar ao máximo as irregularidades do espaço escolhido, sem alterar sua urdidura por se tratar de patrimônio histórico, aproveitando toda a polivalência através de soluções neutras e de modo que permitimos múltiplas interpretações sem perder a identidade do local sendo ele semipublico.
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